O antigo governador do Banco de Portugal, Silva Lopes, defendeu o congelamento dos salários “normais” e a redução dos salários mais elevados, duas medidas que considera fundamentais para enfrentar a actual crise.“Temos de adoptar medidas não ortodoxas” neste momento de crise interna e internacional, disse o ex-presidente do Montepio Geral, numa sessão em sua homenagem promovida pela AIP (Associação Industrial Portuguesa). No entender do economista, quem vai pagar esta crise, em primeiro lugar, são os desempregados. O resto da população deve “também participar nesse esforço”. Daí decorre a necessidade de congelar os salários “normais” e de cortar nos salários mais elevados, com o objectivo de financiar os desempregados, disse.Silva Lopes apresentou uma visão bastante sombria para o momento actual da economia, antecipando crescimentos negativos neste e no próximo ano. Ao Governo de José Sócrates propõe que a prioridade deve centrar-se no apoio ao emprego
O dr. Silva Lopes foi presidente do Conselho de Administração do Montepio só até a Abril de 2008, portanto durante apenas quatro meses de 2008. No entanto, no Relatório e Contas de 2008 do Montepio aparece a seguinte informação:
De acordo com Boletim Estatístico de Janeiro de 2009, do Ministério do Trabalhão e da Solidariedade Social, a remuneração base média mensal dos trabalhadores portugueses era, em 2008, de apenas de 891,40 euros. A disparidade é enorme e chocante.
Para além disso, o dr. Silva Lopes, exerceu as funções de presidente do Montepio durante apenas quatro anos, e por esse período de actividade, vai receber do Montepio uma pensão de reforma de cerca de 4.000 euros por mês, a juntar às duas que deve ter, uma da CGD e outra do Banco de Portugal, onde exerceu também funções e, como é do conhecimento público, estas duas entidades pagam pensões "douradas" aos seus ex-administradores. E como tudo isto já não fosse suficiente, o dr. Silva Lopes, depois de ter apresentado a sua demissão de presidente do Montepio, alegando que já tinha 74 anos e precisava de descansar, aceitou o cargo de administrador da EDP Renováveis (são essas as suas funções actuais), onde aufere um vencimento que certamente não será inferior ao que recebia no Montepio. É esta personalidade, com este comportamento, que defende o congelamento das remunerações da maioria dos trabalhadores portugueses, que só poderia ter como consequência um maior agravamento das desigualdades.
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